No campo das artes a lista vai
desde o bailarino Nijinsky, passando pelo inspirado Lorde Byron, o
esquizofrênico Van Gogh, e a bonitona Marilyn Monroe. Pouco? A lista continua,
é extensa, dela também fazem parte o pintor espanhol Goya; o homem do charuto,
mais conhecido como Sir Winston Churchill, o poeta Charles Baudelaire, e muitos
outros. Como, por exemplo, Ian Curtis, líder da banda inglesa de punk/rock, Joy
Division, morto aos 23 anos, no auge da fama; e Kurt Cobain, da não menos
sugestiva Nirvana que dispensa as apresentações. E, não bastasse, o sensível
Renato Russo, da lendária Legião Urbana, que, embora não tenha pendurado uma
corda no pescoço como Curtis, quis
o perigo e preferiu sangrar sozinho até
o fim.
Na Literatura de ficção, seria
preciso escrever um tratado à parte. Mas, ei-los, com todo o seu brilhantismo e
estupidez. Rigaut, Vaché, Crevel, Zweig, Nava, Yesenin, Maiakovski, József,
Kleist, Mishima, Celan, Trakl, Sá-Carneiro, as senhoritas Wolff, Plath e
Cristina; Quental, Camilo, e titio Ernie, sobre o qual, tenho lá minhas dúvidas
por motivos bastante plausíveis, mas, enfim, essa é a sina que ficou para a
História.
Uma das características do
que se convencionou denominar “Mal do Século”, a depressão serviu de mote para
romances como Os Sofrimentos do Jovem Werther (1774) de Goethe que, à parte o
extraordinário valor literário, produziu um sem número de suicídios entre seus
leitores.
Mas a depressão não é privilégio
dos mais cultos. Ela ataca a todos indistintamente. Basta que encontre portas
abertas na mente e no coração de pessoas insatisfeitas com a vida, ou que se
acreditam incapazes de conviver com problemas aparentemente insolúveis.
O ritmo de vida o qual todos
estamos submetidos gera frustrações de toda sorte que se torna campo fértil
para germinar e propagar a depressão.
Do desinteresse contínuo e
progressivo pelas coisas em seu redor e por si próprio, passando pelo
isolamento, podendo chegar ao ato extremo de abdicar da própria vida, a
depressão induz quem dela padece a percorrer um longo e destrutivo caminho.
Inconscientemente ou não o homem
contemporâneo busca resultado imediato para projetos pessoais, esquecendo-se,
muitas vezes, que, da concepção de uma idéia ao seu pleno êxito, é preciso
tempo e muito trabalho, além de capacidade técnica, espírito de superação,
persistência e esforço constante.
A vida humana é altamente
competitiva nos dias atuais estabelecendo ganhadores e perdedores, sujeitos a
verdades efêmeras e mentiras intoleráveis Os primeiros, tendem a nunca se
acharem satisfeitos, contrariando o que sugeria Demócrito, filósofo grego. E os
últimos, que jamais serão capazes de alcançar o topo da montanha. São,
portanto, depressivos em potencial.
Dados da Organização Mundial de
Saúde apontam que a depressão é mais comum no sexo feminino, atingindo, segundo
estimativas, 3,92% das mulheres e 1,9% dos homens. Sendo que a depressão
contínua afeta de 15% a 20% das mulheres e de 5% a 10% dos homens.
Constitui-se problema fundamental
a ser enfrentado, o fato que 2/3 das pessoas depressivas não recorrem a
tratamento médico.
Segundo especialistas, a maioria
dos pacientes acometidos de depressão e não tratados tentará o suicídio pelo
menos uma vez, sendo que destes, cerca de 17% chegarão a óbito.
Se tratado corretamente, por
profissionais qualificados, a depressão pode ser curada em 70% a 90% dos casos.
Oficialmente a depressão é
classificada como distúrbio bipolar, cujas características variam desde fases
de euforia até extrema irritabilidade. Sua causa não é totalmente conhecida.
Especula-se que aconteça devido desequilíbrio bioquímico dos neurônios
responsáveis pelo controle do estado de humor. A possibilidade de causa
genética para a ocorrência da depressão não está descartada.
Mas nem tudo são espinhos.
Em Rio Claro, por exemplo, importante trabalho social realiza o Posto
Samaritano, através do Centro de Valorização da Vida (CVV) onde, voluntários
preparados ouvem atentamente, por telefone (3534-4111), os problemas das
pessoas acometidas pela depressão. Às vezes, um desabafo é o suficiente para
que pessoas depressivas se sintam melhor.
Para evitar a depressão ou mesmo
superá-la, alguns terapeutas indicam a meditação que, se bem orientada e feita
corretamente pode proporcionar resultados satisfatórios.
O contato com a natureza e, a
ocupação com atividades lúdicas como o artesanato, o desenho e a pintura podem
produzir efeito preventivo e amenizador.
Já a doutrina espírita, na sua
vasta literatura disponível, sugere que a prática da caridade pode ser bastante
útil, por se tratar de um caminho de mão dupla: faz bem àquele que a recebe e,
sobretudo, àquele que a pratica. Não custa experimentar.
(O colaborador é
cronista)
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